Vamos tentar contar esta história com o mínimo de exagero que conseguimos pois parece saída de um filme mesmo... Se alguém nos contasse também éramos capazes de não acreditar.
1º dia:
Tudo começou quando resolvemos marcar o avião até Santiago com escala em Madrid e em Buenos Aires. Partimos num vôo da TAP meia hora atrasados ,como habitual, para Madrid. Nesta altura ainda nos ríamos pois tinhamos conseguido não pagar o excesso de bagagem mesmo com mais de 32kg por cada um.
Chegados a Madrid JM avança para o check in das Aerolineas Argentinas(AR) e sente-se atordoado quando se depara com o guichet vazio e fechado a 1 hora e meia do avião partir(lembramos que era um vôo internacional). Bem, nós ainda pensámos que a companhia estava com um ligeiro atraso... Mas um ambiente estranho pairava no ar. Olhando com mais atenção reparamos numa zaragata que se tinha montado ao longo de um bicha (e sim, não temos problemas em usar o termo bicha pois bichas passaram a ser o nosso desporto nestes dias de viagem). A verdade é que não lhe conseguíamos ver o fim... FL lá fez a vaquinha e descobriu que esta terminava no balcão das AR. Como gente normal e civilizada fomos atendidos passadas 3 horas e depois de muitos brasileiros terem ameaçado "porrada" ao pobre do homem que não percebia patavina de Brasiñol, nem de aviões diga-se de passagem.Nesta altura, disseram-nos que tinha havido uma avaria na turbina do avião e que teríamos de passar a noite em Madrid. Descontentes com a situação, solicitámos a presença das nossas malas, o que nos foi negado devido às altas horas da noite (já era meia noite em Madrid). Mandáram-nos então para o hotel Auditorium (o maior hotel da Europa, levava tranquilamente 5 minutos do quarto a recepção) onde encontrámos o Francisco Penim e o Ricardo Ortigão Ramos que também se tinham deparado com o mesmo problema que nós, dois dias antes. Percebemos então que este procedimento de empacotar passageiros nesse hotel era habitual pois todas as televisões tinham os horários dos vôos e dos autocarros e havia muito mais passageiros de outros vôos também hospedados.
Ao jantar, (Se é que pães com manteiga e uma garrafa de vinho se pode chamar jantar)fomos obrigados a sentar-nos e a dividir a mesa com 4 ou 5 peruanos que devoravam tudo com as mãos como se nunca tivessem visto comida na vida! Já para não falar que era observável todo o processo de mastigação dentro das suas bocas. Nisto já eram 2 da manhã. Lá nos fomos deitar sem malas e sem roupa confiantes que o dia de amanhã iria ser melhor...
2º dia:
Depois de 3 horas mal dormidas arrancámos para o aeroporto de autocarro e sem sequer poder tomar o pequeno almoço. Chegámos, confiantes de que iríamos ser os primeiros da bicha pois ainda era noite cerrada.As nossas espectactivas confirmaram-se. Algumas horas depois, apercebemos-nos que estávamos na bicha errada e tivemos de esperar mais 2 horas para que alguém aparecesse atrás do guichet para podermos fazer o check-in. A bicha foi relativamente rápida: demorou apenas uma hora e meia. Valeu nos a companhia de duas brasileiras muito simpáticas. Começámos então a entrar no avião ao meio dia sabendo que o vôo estava previsto para as 11 horas. O avião era grego tal como os hospedeiras obviamente. Confirmava-se aqui que a história da turbina avariada era mais uma mentira.
Qual não foi o nosso espanto quando os nossos lugares 8C e 8D não existiam naquele gigante boeing 747. Como é que é possível no check-in entregarem-te um lugar que nem sequer existe num avião pelo qual pagaste e já vai com quase 1 dia de atraso...? A hospedeira grega, um bocado atrapalhada com a nossa irritação lá nos arranjou uns lugares no fundo do avião.
A viagem até Buenos Aires parecia nunca mais acabar: foram 13 horas de vôo muito atribuladas devido à constante presença de poços de ar.
Aterrados em Buenos Aires, grupo nas malas... JM ainda se safou com uma, FL com a sua má sorte, nem sequer cheirá-las... Passadas mais uma hora e meia no reclame das bagagens defrontámos-nos com um palhaço que depois de por tudo o que já tínhamos passado, e com o cansaço acumulado, ainda começou a gozar conosco e com Portugal... Como não podia deixar de ser, o nosso vôo para Santiago tinha sido adiado para a manhã seguinte... Tivemos então de praticar mais uma vez o nosso desporto destes dias... Passado uma hora e meia e de brasileiros aos berros, outros a espumar da boca e o choro de desespero de uma pequena francesa que ia ensinar Francês para a Argentina conseguimos ser atendidos. Deram-nos um voucher para jantar no aeroporto e outro para um hotel. Depois do jantar(mal e porcamente), enfiámos-nos num táxi para ver se era desta se tinhamos um bocado de descanso...
A meio da viagem JM apercebeu-se que tinha perdido o telemóvel. Voltámos tudo atrás para o aeroporto. Procurámos em todos os sítios onde tinhamos estado mas: telemóvel nem vê-lo... Arrasados pelo cansaço e derrotados pela má sorte, fomos para o hotel que era a 35 km do aeroporto e a mais ou menos 50km de Buenos Aires numa terra chamada Cañuelas.O quarto parecia a gozar... Depois mais tarde se conseguirmos, publicaremos umas fotografias pois é difícil descrever por palavras tal espelunca...
3º dia:
A noite foi mais ou menos tranquila tendo em conta que apenas chegámos ao hotel por volta das 2 da manhã e tinhamos de acordar as 6 para apanhar o vôo até ao nosso destino final. Chegados ao aeroporto deparámos-nos com mais uma bicha para fazer o check-in onde encontrámos novamente as 2 brasileiras de Floripa. Fizemos o check-in passado uma horas com JM cheio de medo de voltar a entregar a sua sobrevivente mala as AR.
Fomos então ao balcão 12 para ver se nos reembolsavam dos táxis. Passado mais meia hora de bicha, a senhora disse nos que teríamos de ir a outro balcão para que finalmente fôssemos reembolsados. Aí até foi rápido. Embarcámos então no nosso último vôo. Tudo correu dentro da normalidade apesar de FL ter passado o vôo todo nervoso por se encontrar ao lado da saída de emergência. Recuperámos felizmente a nossa única mala e dirigimos-nos ao hostal que tinhamos marcado. Ficámos surpreendidis com a sujudade e alguma pobreza quando nos tinham dito que o Chile se encontrava ao nível de Portugal... ( talvez mais Marrocos..).
Quando chegámos ao hostal, o que é que acham que aconteceu? Não havia quarto para nós! Sabendo que tinhamos feito a reserva em Maio e que tinhamos pago um sinal. A Peruana quase a chorar, lá nos disse que nos arranjava um hostal e até nos deu um sumo de borla. E aqui estamos nós no hostal Rio Amazonas no "Barrio Brasil", um dos piores de Santiago num quarto em que a janela não fecha ( estão cerca de 8 graus). Há uma iguana ao lado no jardim do hostal só para verem o nível...
Chegados a Santiago, esperamos agora que este nosso Erasmus corra melhor...
P.S.: O nome do nosso blogue deve-se à maneira como começou esta nova aventura. Ás tantas já pensávamos: Será que vamos chegar a Santiago em 3 dias com malas sãos e salvos??
Um conselho: EVITEM AEROLINEAS ARGENTINAS
quinta-feira, 31 de julho de 2008
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